marés
Se sentir, leia ouvindo Vai Atrás Da Vida Que Ela Te Espera, do Zé Ibarra ✨
O banheiro está mais limpo esta semana. Menos areia espalhada pelo chão. Limpeza nem sempre é sinal de felicidade. Faltou mar esta semana, mesmo com um gigante diante da minha janela.
“Tá parecendo que essa viagem está sendo um daqueles momentos-chave da vida. Como se você fosse até o outro lado do mundo para mergulhar mais fundo em você mesma. Mulher, você é tão incrível, tão profunda e verdadeira! Há quatro anos me inspirando a ser uma mulher mais livre e verdadeira com minhas emoções.”
A mensagem que recebi carinhosamente em um story que fiz, explodindo de felicidade dentro do mar, diante de um pôr do sol de domingo, no sul da Tailândia.
13.7.2025, domingo, Koh Phangan, Tailândia, feliz feito criança.
Um dia depois, o único mar dos próximos sete dias foi aquele que escorreu pelos olhos. Hormônios poderiam justificar, mas me recuso a arrumar desculpas e procurar culpados para tentar amenizar (nem mesmo Mercúrio que ficou retrógrado), e, no fim, perder o que esses momentos trazem de mais valioso: as verdades que escondemos de nós mesmas.
Lembro da felicidade estampada não só no último domingo, mas em todos os outros do ano e, em meio a todas as descobertas da semana, de coisas que me neguei a ver ou aceitar por muitos anos, me sinto assim hoje, sem entender absolutamente nada.
Como podem felicidade, vivacidade e alta performance caber no mesmo espaço de dor e sofrimento, sendo estes últimos invisíveis até mesmo para mim? Invisíveis até que tudo desaguasse no fim da temporada canceriana, me relembrando da história que será para sempre parte de mim: a minha própria, na alegria e na tristeza.
Isso diz muito sobre o que é a vida, menina Ellen. O banheiro sempre limpo dos últimos tempos talvez estivesse te dando a falsa sensação de plenitude, que você mesma diz não acreditar, e que você mesma acreditou viver.
São 10h de um domingo do outro lado do mundo, ainda não sei se faz sol lá fora. Mas aqui dentro, mesmo em dias nublados, ele segue cumprindo seu papel: revelar o que precisa ser visto, mesmo não sendo aquilo que você imaginou que encontraria (e que eu já sabia que não seria, só não sabia e ainda não sei o que). Uma linha de Sol MC, ou em qualquer outra direção, nunca será um lugar que evidencia somente o brilho, a felicidade e a iluminação que muitos acham que é. O Sol é verdadeiro, ele não esconde nada. Falei um pouco sobre isso no meu último texto, Astrocartografia para quem se interessa.
E talvez a coisa mais sincera que eu possa assumir para mim mesma agora é que, depois de dois anos entre idas e vindas - que ainda não terminaram - de Saturno em cima do meu Sol e da minha Lua em Peixes, contendo meus mares e marés de maneira justa, mas, ao mesmo tempo, me levando a uma brutal secura, me sinto aliviada com cada mar que saiu de dentro de mim esta semana.
Sou filha de Júpiter, não caibo em contenções e espaços fechados por muito tempo. Por que eu seria um submarino se posso ser o mar todo?
Essa pergunta afirmativa me lembra dos meus textos favoritos, parte do meu e-book e que originou o nome do mesmo: “O que fica quando nada sobra?”
A gente se enche de tanta coisa, tanta informação, tanta gente e tantos sonhos que, às vezes, nem nossos são. A gente mergulha num mar cheio e revolto dentro de nós, custando muito para nos achar lá dentro, tentando colocar os pés no chão, mesmo que lá no fundo do oceano.
Fragmentos de nós mesmas se esvaem nas ondas da vida e, por vezes, chegamos a certas praias sem nenhum pedaço real do que somos de verdade. A gente se deixa levar, e é mais fácil mesmo seguir o fluxo, ir na onda. Mas é difícil também quando tudo para e olhamos de verdade para nós, por um acaso, em um reflexo qualquer.
Por onde andamos que não sabemos onde nos deixamos?
Simplesmente não sabemos e, muitas vezes, nos culpamos, sem ao menos celebrar que, para estarmos procurando novamente, precisávamos, de alguma forma, nos perder. É sobre carregar nossa alma e pedaços da nossa história ao longo dos mergulhos, para que, lá no fundo, a gente encontre tudo o que precisamos, mas antes de tudo, a nós mesmas.
O que fica quando não sobra ninguém?
No fim, fica só o que tem dentro. No fim de tudo, é a gente com a gente mesma, junto de tudo e todos que levamos em nossas bagagens. O que e quem você quer levar daqui pra frente? Eu desejo que, antes de tudo, você leve muito de você.”
Levantei e vi que chovia na ilha. Bendito seja o céu que míngua lá fora e também aqui dentro.
Obrigada por me ler :)
Se você ainda não conhece meu trabalho transforma(dor) através da astrologia, te convido a dar uma olhadinha abaixo.
São quase 1.000 atendimentos realizados pelo mundo e muitas pessoas impactadas pelo poder do céu que nos guia na terra ✨
E cheguei a essas palavras que tanto tem me inspirado após desaguar em necessária tempestade. No transbordar que antecede o transformar. Acho que achei um bom título para um texto sobre…
Como sempre, aceitando a sugestão, naveguei pelas palavras embalada pela canção que já no primeiro verso me arrastou: “Sai, sai, sai, desse grilo brabo que te desespera. Vai, vai vai, vai atrás da vida que ela te espera.
Sigo agradecendo os movimentos que suas palavras me trazem, querida Ellen.
Te sinto🩵