Se sentir, leia ouvindo Subliming, de Richy Mitch & The Coal Miners (aliás, estou meio viciada no álbum todo) ✨
Fui recebida no aeroporto com sorriso familiar e um cartaz colorido escrito “bem-vinda ao lar, Ellen”. Se eu não tivesse acabado de contar que estava saindo do Brasil na última semana, isso poderia ser facilmente confundido com estar sendo recebida de volta.
Não, eu realmente fui recebida assim em Bangkok.
Se fosse em outros tempos, essa cena também poderia ser facilmente confundida com as idealizações e com os reais feitos da minha Cinderela viajante, mestre em fazer cenas dignas de horário nobre, romantizando as despedidas amorosas em aeroportos pelo mundo.
Foram só três, mas já o bastante para abraçar bem forte a amiga que me recebia, de certa forma aliviada. Dois meses atrás, eu em Belo Horizonte e ela em Chiang Mai confirmávamos pelo Zoom nossa intenção de fazer enredos cinematográficos apenas das nossas próprias vidas, já que estamos trabalhando duro para vivê-las da maneira mais incrível — apenas aos nossos olhos, mas servindo de inspiração para quem sente no peito algo parecido com o que pulsa no nosso.
Para guardar na memória: Ellen sendo recebida por Letícia, Bangkok, 27 de junho de 2025.
“Olha o que a gente fez, caralhoooo”, falei, celebrando o feito de estarmos ali vivendo nossos sonhos, enquanto a abraçava e pulava ao mesmo tempo, entre mochilas, cartaz e sorrisos.
Conheci a Letícia em 2012, na nossa antiga vida de auditoras da PwC. Na época, nenhuma das duas fazia ideia de que esse encontro estaria acontecendo hoje, do outro lado do mundo. Há três anos, nos reaproximamos graças à astrologia — e aí sim nossa amizade tomou forma, algo que estava guardado para o momento perfeito em que a admiração que sempre tivemos uma pela outra pudesse ser vivida com a entrega que uma amizade pede.
Hoje temos vidas completamente diferentes da que vivíamos há 13 anos: ela, servidora pública e nômade, atualmente em Chiang Mai (sim, foda e “como?”, eu sei — e morro de orgulho); e eu, essa astróloga viajante que revirou a vida para fazer o que acredita, que a maioria aqui já conhece — e, se não, vai conhecendo aos poucos.
Foram quatro dias em Bangkok, onde, graças à minha aversão ao termo FOMO (Fear of Missing Out), pude viver tranquilamente a capital sem me preocupar em perder exatamente nada, pois eu já tinha tudo: conversas boas, coração nostálgico ao caminhar pela loucura da Khao San Road, cerveja local, massagem no meio do dia, visita a templo, restaurantes sensacionais, brinde com o Wat Arun ao fundo…
A Ellen que vendia o almoço para comprar a janta nessa mesma cidade lá em 2017 (literalmente, já que alguns dias eu escolhia entre uma refeição ou outra), estava como se soubesse o que é caminhar nas nuvens — ainda mais ao lado da Lê, taurina nata que sabe bem desfrutar dos prazeres que o signo gosta.
Caminhando nas nuvens, bem devagar, no Wat Pho, o Templo do Buda Reclinado.
No dia 1º de julho, eu e Lê nos demos um honesto abraço de até breve. Ela seguiu para o norte, eu para o sul. Foram quase 11 horas em trânsito até a ilha de Koh Phangan, um lugar novo pra mim. Não tem cartaz me recebendo no píer depois de um avião, um ônibus e um barco, mas tem a sensação de ter feito a escolha certa, através de mais um sinal vindo dos livros que conversam comigo a todo momento.
Paro de escrever nesse momento e reflito sobre boas escolhas feitas até aqui: pessoas, livros e seguir a minha intuição.
Sento na van que me leva ao norte da ilha, olhos atentos e curiosos. Sou uma viajante diferente de todas que já fui. Eu já imaginava que a falta do caos, como descrevi no meu último texto, provocaria isso. “Até as roupas são outras”, disse a minha irmã, percebendo o quanto, de fato, estou diferente.
Hoje completo cinco dias na ilha. Já estou no meu quarto livro desde então, trabalho, saio de casa todos os dias, e sigo me adaptando facilmente, como se tivesse nascido no mar (e não o conhecido aos nove e só ter voltado de vez aos 17 anos, como de fato foi). Um trecho dos livros lidos durante a semana toca profundamente a menina que viveu no interior até os 19 e explica exatamente o que sinto quando vou contra uma vida muito linear:
“Seu cérebro fica confortável demais no cotidiano que o cerca. Você precisa deixá-lo desconfortável. Precisa passar algum tempo em outra terra, entre pessoas que fazem coisas de uma maneira diferente da sua. Viajar faz o mundo parecer novo, e, quando o mundo parece novo, nosso cérebro trabalha com mais empenho.”
Disse Austin Kleon, no livro Roube como um artista. Certeiro 🎯.
A vida cotidiana é importante e pode ser maravilhosa (que o diga a proeza que o sul de Minas Gerais fez na minha vida quando retornei para lá, há dois anos, depois de um longo e insano período como nômade), mas, se deixar, a vida cotidiana também tira de nós algo muito, mas muito valioso: a magia.
Mas, como Austin também lembra, “uma cultura estrangeira não necessariamente está do outro lado do oceano ou em outro país” — e isso me fez olhar ao redor, como tantas vezes olhei no interior de Minas Gerais. Você pode estar em qualquer lugar do mundo, mas, se não olhar para o lado, talvez você não esteja ali.
Sexta-feira, 4 de julho, Koh Phangan, Tailândia. Quatro tailandeses no nosso famoso “sextou”. Cerveja Chang, um destilado com gelo, petiscos que a dona do lugar fez e sentou pra beber e comer junto.
Observar a vida acontecendo tem sido meu passatempo preferido ultimamente. Isso me lembrou dos meus episódios favoritos do psicanalista Guilherme Facci, no podcast A loucura nossa de cada dia:
“Vivam essa vida da maneira que for possível. Saiam do Instagram e vão até a padaria comer um pão com manteiga na chapa e tomar um café. Sintam o gosto do pão. E olhem no olho do chapeiro. Sem distrações. O prazer da vida está aí. O que nos impede de aproveitar a vida é justamente se distrair das nossas vidas.” Guilherme Facci.
Eu poderia estar contando sobre como é morar numa ilha da Tailândia, sobre trabalhar remoto atendendo pessoas do mundo todo através da astrologia, sobre estar focada em projetos pessoais intencionalmente em uma linha de Sol MC, e falar mais sobre Astrocartografia.
Mas o mar daqui é calmo, a água é quente, o sol brilha no horizonte no fim do dia, e isso é a base para todo o resto existir. De Bangkok a Koh Phangan, da sua casa até a esquina, de um bairro até o outro, quanta vida pode existir no que não cabe em um relato de sete dias.
Acabei de tomar chuva enquanto voltava para casa da praia em que escrevi esse texto. Tirei o chinelo Havaianas dos pés e segui descalça. Andei mais devagar para sentir as gotas tocando meu corpo. É aí que a magia acontece.
Me sinto aqui. Me sinto viva.
Se você ainda não conhece meu trabalho, em breve venho contar mais sobre como a astrologia pode transformar a sua vida, assim como transformou a minha — te direcionando a se localizar em você e no mundo, muito mais alinhada com a sua essência.
Dá uma olhadinha no link abaixo para ver como posso te ajudar :)
Por que eu demorei tanto para chegar aqui? Não sei! Por vezes eu deixo a vida me engolir, mas acredito que mesmo sendo toda "trapaiada" eu sempre chego na hora certa.
ser a amiga desse texto lindo é, sem dúvidas, um presente, a confirmação de que estou no caminho certo e realizando meus sonhos com as pessoas mais especiais por perto.
Que orgulho poder dizer que sou amiga da astróloga, viajante, escritora e empresária mais foda do mundo.
Dividir a vida com você, poder te chamar de amiga, te ler tendo vivido com você muito do que está descrito é um privilégio sem fim.
Te encontro nos aeroportos do mundo.
A gente conseguiu e ainda vai conseguir muito mais.
Obrigada por existir. Te amo 💙
É maravilhoso te ler, assim como te ouvir! Feliz pela sua felicidade porque sei que ela continuará transbordando e nos inundando, e isso é muito mágico!