ainda não sei...
Se sentir, leia ouvindo Crosses, do José González ✨
Saí de casa - e continuo achando bonito dizer que agora tenho uma - na última quarta-feira, dia 25, logo depois da lua ter ficado nova em Câncer pela manhã. Me despedi do meu lar, que se tornou minha maior alegria no último um ano e meio, depois de uma longa temporada de anos como nômade que decidi pausar em 2023.
Peguei meu carro ao encontro da minha mãe, que esperou o ônibus comigo como se fosse a primeira vez que ela estivesse presenciando esse momento, sendo que já faço isso há 15 anos. Mais uma vez, dei razão à sabedoria Sagitariana dela: é sempre como se fosse a primeira vez. Dei tchau pela janela e dessa vez não chorei, só senti uma alegria imensa por tê-la sempre me apoiando nas chegadas e partidas, independente da ideia mais maluca que eu tenha na cabeça cada vez que vou ou volto.
São quase seis horas na estrada do Sul de Minas Gerais até São Paulo, onde parei por algumas horas, me encontrei com pessoas queridas e especiais, e me despedi da minha irmã do meio, a Fer, o grande amor da minha vida, já no aeroporto. Ela cresceu e hoje me entrega suas cartas de despedidas que faz desde pequena no portão de embarque, dessa vez com um cartaz escrito à mão “Boa viagem, até logo! Proibido voltar para casa sem ter vivido algo novo!”.
Reflito que talvez a missão dessa ordem já esteja sendo cumprida antes mesmo dela pedir. Talvez seja a primeira vez que viajo sem fugir de nada ou tendo que processar algum luto. O fim de um trabalho, de algum lugar que morei, de uma carreira, de um relacionamento. Talvez seja a primeira vez que estou indo totalmente atenta ao que o mundo de fora me apresenta, e não só ao que o mundo de dentro me pede atenção.
“Não é necessário estar perdida nem em busca de nada para querer fazer mudanças. Você pode apenas estar com vontade de fazê-las.
Isso é suficiente.”
Como uma flecha certeira, Alexia Piesco, da newsletter “O Mundo de Cada Um”, (que por sinal encontrei horas antes do meu voo), escreve essa reflexão dias antes da minha viagem, e isso bate certeiro no que sinto, como se eu tivesse agora a resposta que alivia meu coração, por estar fazendo o movimento de partir para o outro lado do mundo sem nenhum caos como justificativa.
É tudo novo para mim, que tanto já fiz.
Escrevo esse texto saindo de Addis Abeba, na Etiópia, o mesmo aeroporto que me levou de volta ao Brasil em dezembro de 2017, depois de ter vivido pouco mais de um ano na Austrália e de ter mochilado por dois meses pelo Sudeste Asiático.
Ainda no aeroporto, diferente daquela época, em que eu não fazia ideia do que de fato era a Astrologia e muito menos o que era a Astrocartografia, abri o mapa mundi com as minhas linhas planetárias espalhadas por ele. Vi que tenho uma linha de Nodo Norte MC bem pertinho de onde estou, em uma conexão de quatro horas no continente Africano esperando meu próximo voo que me levará ao meu destino final, por hora.
Escrevi no Word alguns sentimentos, mas principalmente, intenções relacionadas ao que a linha de Nodo Norte MC significa para mim.
“Deixo aqui aberto meu coração para que meu Nodo Norte me direcione para os caminhos que preciso viver. Que eles sejam generosos, gentis, felizes e cheios de AMOR. Que as portas certas se abram para mim”.
Quis e quero muito aproveitar a chance que tenho hoje de pisar em cada lugar do mundo aberta para o que ele me proporciona, através desse estudo que revolucionou a minha vida.
Ainda no aeroporto, busco fotos antigas de 2017, do mesmo lugar que estou prestes a voltar oito anos depois. Minha mente ainda não acredita que a menina de 26 anos das fotos, totalmente perdida, está prestes a voltar para a Tailândia numa versão e vida que nem ela mesmo acreditaria que estaria vivendo hoje se eu contasse lá trás. Talvez nem a Ellen de hoje, dos 34, ainda acredite.
Eu em dezembro de 2017, com 26 anos, na Khao San Road, a rua mais famosa de Bangkok, capital da Tailândia.
Já é sexta-feira, estou acima das nuvens enquanto escrevo e daqui algumas horas desembarco em Bangkok, aquele lugar doido que fui tão feliz por alguns dias, centro do país que foi tão caótico em inúmeros sentidos naquela fase da minha vida e que ainda reflito se contarei sobre.
Júpiter, o guardião dos viajantes, chegou em Câncer há algumas semanas, o signo das memórias e do passado. E por uma não ironia do destino, aqui estou, vivendo as sincronicidades e a promessa sem fundamento algum que fiz meio bêbada entre amigos ainda na Austrália, que um dia, por volta dos anos 2020 alguma coisa, eu voltaria.
Junto da carta da minha irmã no aeroporto, veio também uma playlist para me acompanhar na viagem, mesmo eu já tendo seguido meu script e criado uma antes. Me chamou a atenção o título que ela deu para a lista de músicas feita com carinho: “ainda não sei”, assim, tudo em minúsculo mesmo.
“ainda não sei”, um ótimo título para começar mais essa jornada na minha vida. Apesar de saber quais linhas planetárias me esperam, quais intenções iniciais tenho com essa ida sem data de volta, a única certeza que tenho, é que nada sei. Se em oito anos eu estou muito longe de ser a mesma que fui (ainda bem), sei que o lugar que me recebe também não será o mesmo.
Como disse a minha mãe na fila do ônibus para algumas conhecidas, que se alegravam com a minha coragem de partir sozinha pelo mundo, “vivendo o que elas não puderam viver” - como uma delas disse, é sempre como se fosse a primeira vez.
Voltar também é sinônimo de poder contar novas histórias. Chegou a hora de escrevê-las.
aproveite a viagem!!! 🥹
Toda vez que viajamos brincamos com as possibilidades de nós mesmos. Que vc descubra mais e mais possibilidades sempre! ♥️ texto lindo🥹